# 1 Lei da Irracionalidade- 1/18- Robert Greene
# 1 Lei da Irracionalidade - Domine o Eu emocional
Domine o seu eu emocional. Gosta de
se imaginar a controlar o seu destino conscientemente, a planear o curso da tua
vida o melhor que puder, mas não sabes o quão profundamente as suas emoções o
dominam, aposto que acha que tem o controlo total da sua vida, mas é mesmo? Não
percebe, na maior parte das vezes, como as suas emoções controlam a sua vida.
As mudanças no seu humor e esta desconexão da realidade é onde más decisões e
pensamentos negativos originam. Racionalidade é a sua capacidade de contrariar
estes efeitos emocionais na sua tomada de decisão.
O primeiro passo no caminho para se
tornar uma pessoa racional é aceitar que os humanos são criaturas
fundamentalmente irracionais. Os organismos vivos durante milhões de anos
dependiam dos seus instintos para sobreviver, e, ao longo do tempo para alguns
animais, isto evoluiu de um instinto para um sentimento de medo. O nosso
cérebro evoluiu para um cérebro de mamífero mais complexo que é composto por
três partes. A primeira e mais antiga é a parte réptil do cérebro - controla e
regula automaticamente o corpo e esta é parte do cérebro onde os vem os nossos
instintos. A seguir é a parte límbica, comum a todos os mamíferos – é onde são
governados os nossos sentimentos e emoções. Por último temos o neocórtex - a
parte do cérebro que controla a cognição e a linguagem.
A nossa racionalidade reside entre
estas duas partes do cérebro. Através da libertação de hormonas e outras
substâncias que tem como objetivo principal tornarmos conscientes do nosso
ambiente para que possamos agir de acordo com as circunstâncias, no entanto o
problema reside quando tentamos traduzir estas sensações e sentimentos em
palavras usando o nosso neocórtex. A comunicação e tradução que ocorre entre
límbico e neocórtex é muitas vezes imprecisa e, portanto, leva à nossa
irracionalidade. Emoções e cognição não são facilmente traduzíveis e o que
parece ser raiva pode realmente vir de uma fonte de inveja. Enquanto os animais
sentem medo por um curto período de tempo, nós muitas vezes vivemos os nossos
medos, tornando-os maiores do que eles realmente são e, como consequência,
sentir ansiedade a longo prazo. Estamos sempre a sentir certas emoções que
infetam o nosso pensamento. As pessoas racionais estão cientes disto.
Ser capaz de mitigar as suas
emoções no seu pensamento ajuda-o a tomar decisões mais racionais. As pessoas
irracionais nem sequer estão cientes de que as suas emoções estão a desempenhar
um papel no seu pensamento. Muitas vezes, a tomam decisões precipitadas ou
explodem de raiva por causa de desconfortos mentais. Não se preocupe, há
maneiras de mitigarmos as nossas mentes inerentemente irracionais.
Passos para mitigar pensamento
irracional:
a) Reconhecer e entender os seus
preconceitos
b) Cuidado com os fatores inflamatórios
c) Estratégias para revelar o eu
racional
Passo 1 - Reconhecer e
entender os seus
preconceitos.
A emoção mais comum é o desejo de
prazer e a prevenção da dor. Este princípio de prazer no nosso pensamento é a
fonte de todos os nossos enviesamentos mentais
O
preconceito da confirmação
Olho para as provas e chego às
minhas decisões através de processos mais ou menos racionais.
Para chegarmos a uma ideia e nos
convencermos de que a alcançámos através da racionalidade, procuramos evidências
que fundamentem a nossa perspectiva. O que poderá ser mais objetivo ou
científico? Mas, devido ao princípio do prazer e à sua influência inconsciente,
conseguimos descobrir uma prova que confirme aquilo em que queremos acreditar.
Trata-se de algo conhecido como preconceito da confirmação.
Podemos vê-lo em ação nos planos
das pessoas, especialmente aqueles que envolvem riscos elevados. Um plano
destina-se a conduzir a um objetivo positivo, desejado. Se as pessoas
considerassem do mesmo modo as possíveis consequências negativas e positivas,
poderiam ter dificuldade em tomar qualquer ação. Inevitavelmente, tendem a
privilegiar informação que valide um resultado positivo, o cenário cor-de-rosa,
sem se aperceberem disso. Também o vemos em ação quando as pessoas supostamente
pedem conselho. Trata-se da maldição da maior parte dos consultores. Em última
instância, as pessoas querem ouvir as suas próprias ideias e preferências
confirmadas por uma opinião avalizada. Irão interpretar o que lhes dizem à luz do
que querem ouvir; e, se o seu conselho for contra os seus desejos, irão
arranjar maneira de rejeitar essa opinião, essa alegada competência. Quanto
mais poderosa for a pessoa, mais estará sujeita a esta forma de preconceito da
confirmação.
Ao investigar os preconceitos da
confirmação no mundo, analise teorias que parecem demasiado boas para serem
verdadeiras. Concebem-se estatísticas e estudos apenas para as provar; não
serão muito difíceis de encontrar, logo que se sinta convencido da justeza dos
seus argumentos. Na Internet, é fácil encontrar estudos que apoiem os dois
lados de uma discussão. Em geral, nunca deveria aceitar a validade das ideias
das pessoas pelo facto de terem apresentado «provas». Em vez disso, analise
essas provas por si mesmo, com o maior ceticismo de que for capaz. O seu
primeiro impulso deverá ser sempre encontrar evidências que rebatam as suas
crenças mais fervorosas e as dos outros. A verdadeira ciência é isto.
O
preconceito da convicção
Acredito profundamente nesta ideia.
Deve ser verdadeira.
Agarramo-nos a uma ideia que
secretamente nos agrada, mas bem lá no fundo podemos ter algumas dúvidas acerca
da sua veracidade e por isso vamos um pouco mais longe para nos convencermos —
para acreditar nela com grande veemência e para contradizer fortemente todos os
que nos desafiem. Como poderá a nossa ideia não ser verdadeira se suscita em
nós tal energia para a defender? Dizemos para nós mesmos. Este preconceito é
revelado de forma ainda mais clara na nossa relação com os líderes — se estes
expressam uma opinião com palavras e gestos inflamados, metáforas coloridas e
histórias divertidas, além de uma profunda convicção, deve significar que a
analisaram cuidadosamente para a expressarem com tal certeza. Por outro lado,
aqueles que expressam matizes, cujo tom é mais hesitante, revelam fragilidade e
insegurança. Provavelmente estão a mentir ou pelo menos é isso que pensamos.
Este preconceito torna-nos vulneráveis a vendedores e demagogos que recorram à
convicção como forma de convencer e de ludibriar. Sabem que as pessoas estão
sedentas de entretenimento, por isso envolvem as suas meias-verdades em efeitos
dramáticos.
O
preconceito da aparência
Compreendo as pessoas com quem
lido; vejo-as exatamente como aquilo que são.
Vemos as pessoas não por aquilo que
são, mas por aquilo que aparentam. E estas aparências normalmente enganadoras.
Em primeiro lugar, as pessoas treinaram-se em situações sociais para
apresentarem a fachada adequada e que será avaliada em termos positivos.
Parecem estar a favor das causas mais nobres, apresentando-se sempre como
trabalhadoras e conscienciosas. Confundimos estas máscaras com a realidade. Em
segundo lugar, tendemos a cair no efeito de o quando vemos determinadas
qualidades positivas ou negativas numa pessoa (bizarria no comportamento
social, inteligência), outras qualidades positivas ou negativas estarão em
causa. Pessoas bem-parecidas geralmente parecem mais fidedignas, especialmente
os políticos. Se uma pessoa for bem-sucedida, que provavelmente imaginamos
também será ética, conscienciosa e merecedora do seu destino.
Isto tolda o facto de que muitas
pessoas que se destacaram o conseguiram através de ações muito pouco morais,
que inteligentemente esconderam dos olhares públicos.
O
preconceito do grupo
As minhas ideias são só minhas. Não
presto atenção ao grupo. Não sou conformista.
Somos animais sociais por natureza.
O sentimento de isolamento, de diferença em relação ao grupo, é depressivo e
aterrador. Experimentamos um imenso alívio quando encontramos outras pessoas
que pensam como nós. De facto, somos motivados a aceitar ideias e opiniões
porque estas nos trazem este alívio. Não estamos conscientes deste impulso e
por isso imaginamos que chegámos a determinadas ideias completamente sozinhos.
Repare nos adeptos de um partido ou de outro, de uma ideologia — prevalece uma
ortodoxia ou retidão evidentes, sem que ninguém diga nada ou exerça uma pressão
evidente. Se alguém se situa à direita ou à esquerda, as suas opiniões irão
quase sempre pender na mesma direção acerca de uma série de questões, como que
por magia, e, contudo, poucos admitirão alguma vez esta influência nos seus
padrões de pensamento.
O
preconceito da culpa
Aprendo com a minha experiência e
com os meus erros.
Os erros e as falhas suscitam a necessidade de
explicar. Queremos aprender esta lição e não repetir a experiência. Mas, na
verdade, não gostamos de olhar demasiado para o que fizemos; a nossa
introspeção é limitada. A nossa resposta natural é culpar os outros, as
circunstâncias ou uma momentânea falta de raciocínio. Este preconceito decorre
do facto de, com frequência, ser demasiado doloroso olhar para os nossos erros.
E algo que põe em causa os nossos sentimentos de superioridade. Atinge-nos no
ego. E avançamos, fingindo refletir sobre o que fizemos. Mas, com o passar do
tempo, o princípio do prazer surge, e esquecemos essa pequena parte do erro que
atribuímos a nós mesmos. Desejo e emoção irão voltar a ofuscar-nos, e
repetiremos exatamente os mesmos erros, passando por um processo semelhante de
recriminação ligeira, seguida de esquecimento, até morrermos. Se as pessoas
realmente aprendessem com a experiência, haveria menos erros no mundo, e a
progressão profissional nunca teria fim.
O
preconceito da superioridade
Sou diferente. Sou mais racional do
que os outros, mais ético também.
Poucas pessoas diriam isto numa
conversa. Dá um ar arrogante. Mas em muitos inquéritos de opinião e estudos,
quando se pede a alguém que se compare com as outras pessoas, o inquirido
geralmente expressa uma variante desta ideia. É o equivalente a uma ilusão de
ótica não parecemos ver os nossos defeitos e irracionalidades, vemos apenas os
dos outros. Por esse motivo, por exemplo, acreditamos facilmente que os adeptos
de outro partido político não chegam às suas opiniões com base na
racionalidade, mas os da nossa fação sim. Na perspetiva ética, poucas pessoas
admitirão alguma vez terem recorrido ao ludíbrio ou à manipulação em contexto
profissional ou terem sido espertas e estratégicas na progressão na carreira.
Tudo o que temos, ou assim pensamos, resulta de talento natural e de trabalho
árduo. Mas, no que diz respeito às outras pessoas, rapidamente as associamos a
todo o tipo de táticas maquiavélicas. Isto permite-nos justificar o que quer
que façamos, independentemente dos resultados.
Sentimos uma terrível propensão
para nos imaginarmos seres racionais, decentes e éticos. Estas são qualidades
altamente promovidas na cultura. Revelar sinais contrários é arriscar ser alvo
de grande reprovação. Se tudo isto fosse verdade — se as pessoas fossem
racionais e moralmente superiores - o mundo estaria carregado de bondade e de
paz.
Conhecemos, contudo, a realidade, e
por isso algumas pessoas, talvez todos nós, estão apenas a enganar-se a si mesmas.
A racionalidade e as qualidades éticas têm de ser alcançadas através de
consciência e de esforço. E algo que não surge naturalmente. Surge através de
um processo de maturação.
Segundo passo: Cuidado
com os fatores inflamatórios
As emoções de nível inferior afetam
permanentemente o modo como pensamos e têm origem nos nossos próprios impulsos
— por exemplo, o desejo de agradar e pensamentos reconfortantes. No entanto, a
emoção de nível superior surge em determinados momentos, alcança um pico
explosivo e é geralmente desencadeada por algo exterior — uma pessoa que nos
irrita ou circunstâncias particulares. O nível de excitação é superior, e a
nossa atenção é imediatamente captada. Quanto mais pensamos sobre a emoção,
mais forte esta se torna, o que nos faz concentramo-nos ainda mais nela, e por
aí em diante. A nossa mente direciona-se para a emoção, e tudo nos faz lembrar
a nossa raiva e excitação. Tornamo-nos reativos. Como somos incapazes de
suportar a tensão que isto acarreta, emoção de nível superior normalmente
culmina numa qualquer -precipitada, com consequências desastrosas. No meio de
tal ataque, sentimo-nos possuídos, como se um segundo e límbico eu tivesse
assumido controlo.
E preferível estar consciente
destes fatores, para evitar que a mente seja canalizada e impedir a libertadora
de que se irá sempre arrepender. Também devia estar consciente da
irracionalidade de nível superior presente nos outros, quer para se afastar do
seu caminho quer para os ajudar a regressarem à realidade.
Fatores
de desencadeamento desde a primeira infância
Na primeira infância,
encontramo-nos no nosso estado mais sensível e vulnerável. Verificamos que a
nossa relação com os nossos pais tinha um impacto muito maior sobre nós quanto
mais recuarmos no tempo. O mesmo se poderá dizer de qualquer experiência forte
nos primeiros anos de vida. Estas vulnerabilidades e feridas permanecem
profundamente enterradas nas nossas mentes. Por vezes, tentamos reprimir a
memória destas influências, se porventura forem negativas — grandes medos ou
humilhações. Outras, contudo, estão associadas a emoções positivas, a
experiências de amor e de atenção que desejamos reviver constantemente. Mais
tarde, na vida, uma pessoa ou acontecimento irá desencadear uma memória desta experiência
positiva ou negativa e com ela uma libertação de substâncias químicas ou de
hormonas poderosas associadas à memória.
Pense, por exemplo, num jovem que
tenha tido uma mãe distante e narcisista. Enquanto bebé ou criança,
experimentou frieza ou abandono, e ser abandonado deveria significar para ele
que de alguma forma não era merecedor do seu amor. Ou, de modo semelhante, um
novo irmão aparecido em cena levou a mãe a dar-lhe muito menos atenção, o que
também sentiu como abandono. Mais tarde, na vida, num relacionamento, uma
mulher poderá transmitir sinais de reprovação relativamente a alguma
característica ou ação da sua parte, o que faz parte de um relacionamento
saudável. O facto ativa um fator de desencadeamento está a reparar nos seus
defeitos, o que, imagina ele, antecede o momento em que o abandonará. Sente um
forte afluxo emocional, uma sensação de traição iminente. Não percebe de onde
vem esta impressão; encontra-se para lá do seu controlo. Tem uma reação
exagerada, acusa, termina a relação, conduzindo tudo isto precisamente àquilo
que receava — o abandono. A sua reação ocorreu face a um reflexo mental, não à
realidade. Trata-se do auge da irracionalidade.
A forma de reconhecer este padrão
em si próprio e nos outros é reparando em comportamentos que sejam subitamente
infantis em termos de intensidade e aparentemente desviantes face a um certo
tipo de personalidade. Pode concentrar-se em qualquer emoção-chave. Poderá ser
medo de perder o controlo, do fracasso. Neste caso, reagimos afastando-nos da
situação e da presença dos outros, como uma criança enrolada sobre si mesma. Um
mal-estar súbito, provocado pelo medo intenso, far-nos-á abandonar
convenientemente o local. Poderá ser medo — de perder o controlo, do fracasso.
Neste caso, reagimos afastando-nos da situação e da presença dos outros, como
uma criança enrolada em si mesma. Um mal-estar súbito, provocado pelo medo
intenso, far-nos-á abandonar o local. Poderá ser amor — tentando
desesperadamente recriar um relacionamento próximo com pais ou irmãos no
presente, desencadeado por alguém que vagamente nos lembra do paraíso perdido.
Poderá ser uma desconfiança profunda, com origem numa figura de autoridade da
primeira infância que nos dececionou ou traiu, geralmente o Pai. Neste caso,
normalmente desencadeia-se uma súbita atitude de rebelião.
O grande perigo aqui é que, ao
interpretar erradamente o presente e reagir a algo no passado, geramos
conflito, deceção e desconfiança, que mais não fazem que reforçar a ferida. Num
certo sentido, estamos programados para repetir a experiência da infância no
presente. A nossa única defesa é a consciência do que está a acontecer. Podemos
reconhecer um fator de desencadeamento pela vivência de emoções que sejam
invulgarmente primárias, mais descontroladas do que o normal. Estas
desencadearão lágrimas, uma depressão profunda ou uma esperança excessiva. As
pessoas dominadas por estas emoções irão ter com frequência um tom de voz e uma
linguagem corporal diferentes, como se estivessem a reviver fisicamente um
momento da sua primeira infância.
No meio de um acesso como este,
temos de lutar para nos distanciarmos e considerarmos a possível fonte — a
ferida da primeira infância— e os padrões que esta deixou dentro de nós. Este
entendimento profundo de nós próprios e das nossas vulnerabilidades representa
um passo determinante para nos tornarmos racionais.
Ganhos
e perdas súbitos
O sucesso e os ganhos súbitos podem
ser muito perigosos. Neurologicamente, são libertadas substâncias químicas no
cérebro que provocam uma excitação e energia fortes, conduzindo ao desejo de
repetir esta experiência. Pode ser o início de uma espécie de dependência e de
comportamento maníaco. Do mesmo modo, quando os ganhos surgem muito depressa,
tendemos a perder de vista a sabedoria básica de que o verdadeiro sucesso, para
durar realmente, deve decorrer de trabalho esforçado. Não temos em conta o
papel que a sorte desempenha nesses ganhos súbitos. Tentamos recuperar
repetidamente esse ponto alto ganhando tanto dinheiro como atenção. Adquirimos
sentimentos de arrogância. Tornamo-nos especialmente resistentes a quem quer
que tente prejudicar-nos — eles não compreendem, dizemos a nós mesmos. Porque
não é possível sustentar esta situação, sofremos uma queda inevitável, que é
ainda mais dolorosa, conduzindo à parte depressiva do ciclo. Embora os
jogadores sejam mais propensos a este processo, este aplica-se igualmente a
homens e mulheres de negócio durante bolhas financeiras e a pessoas que recebam
uma atenção súbita por parte do público.
As perdas inesperadas ou uma série
de perdas seguidas também criam reações irracionais. Imaginamos que fomos
amaldiçoados com má sorte e que isto irá continuar de forma indefinida.
Tornamo-nos temerosos e hesitantes, o que muitas vezes leva a mais erros ou
fracassos. No desporto, isto pode induzir a uma espécie de asfixia, na medida
em que perdas e fracassos anteriores criam um peso e uma pressão
incapacitantes.
A solução neste caso é simples: se
quer viver ganhos e não perdas invulgares, será precisamente esse o momento de recuar
e de os contrabalançar com algum pessimismo ou otimismo necessários. Tenha
extremo cuidado com os sucessos inesperados e com o facto de eventualmente ser
alvo de uma atenção súbita — não se fundam em nada que seja duradouro e têm uma
influência viciante. Além de que a queda é sempre dolorosa.
Pressão
crescente
As pessoas que o rodeiam de modo
geral parecem sãs e com controlo sobre as suas vidas. Mas, se colocar qualquer
uma delas em circunstâncias stressantes, com uma pressão crescente, irá
verificar uma realidade diferente. A máscara fria de autocontrolo desfaz-se.
Têm súbitos acessos de irritação, revelam uma tendência paranoica e tornam-se
hipersensíveis e muitas vezes mesquinhas. Sob stresse ou sob qualquer ameaça,
as partes mais primitivas do cérebro são ativadas e envolvidas, assoberbando as
capacidades de raciocínio das pessoas. De facto, o stresse ou a tensão podem
revelar falhas que as pessoas esconderam cuidadosamente. É com frequência
interessante observar as pessoas nesses momentos, precisamente como forma de
avaliar a sua verdadeira natureza.
Sempre que detetar níveis
crescentes de pressão e de stresse na sua vida, deve observar-se
cuidadosamente. Vigie todos os sinais inusitados de fragilidade ou
sensibilidade, desconfianças súbitas, medos desproporcionados face às
circunstâncias. Observe-se com o maior distanciamento possível, reservando
tempo e espaço para estar sozinho. Irá precisar de perspetiva. Nunca imagine
que é alguém que consegue suportar um stresse crescente sem escoamento emocional.
Não é possível. Mas, através da autoconsciência e da reflexão, pode evitar
tomar decisões de que acabará por se arrepender.
Indivíduos
inflamatórios
Existem pessoas no mundo que, pela
sua natureza, tendem a desencadear emoções fortes em quase todos aqueles com
que deparam. Estas emoções situam-se entre os extremos do amor, do ódio, da
confiança e da desconfiança. Alguns exemplos da história incluiriam o rei
David, da Bíblia, Alcibíades, na antiga Atenas, Júlio César, na antiga Roma,
Georges Danton, durante a Revolução Francesa, e Bill Clinton. Estes indivíduos
têm algum carisma — possuem a capacidade de expressar emoções que estão a
sentir de forma eloquente, o que inevitavelmente suscita emoções equivalentes
nos outros. Mas alguns deles também podem ser bastante narcisistas e projetam
os seus dramas e perturbações interiores para o exterior, apanhando outras
pessoas no turbilhão que criam. Isto leva a profundos sentimentos de atração em
algumas e de repulsa noutras.
É preferível reconhecer estes
indivíduos pela forma como afetam os outros não apenas a si próprios. Ninguém
lhes consegue permanecer indiferente. Todas as pessoas se descobrem incapazes
de raciocinar ou de manter qualquer distância na sua presença. Fazem-nas pensar
nelas constantemente quando não estão na sua presença. Têm uma qualidade
obsessiva e podem conduzir os outros a ações extremas como seguidores dedicados
ou inimigos inveterados. Em cada extremo do espectro — atração ou repulsão —,
tenderá a ser irracional e precisará desesperadamente de distanciamento. Uma
boa estratégia a utilizar é ver para lá da fachada que projetam. Estas pessoas
procuram inevitavelmente transmitir uma imagem marcante, uma qualidade mítica e
intimidatória; mas, na verdade, são perfeitamente humanas, crivadas das mesmas
inseguranças e fragilidades que todos possuímos. Tente reconhecer estes traços
humanos e desmistificá-los.
O
efeito de grupo
Trata-se de uma variante superior
do preconceito de grupo. Quando estamos num grupo de dimensão suficientemente
considerável, tornamo-nos diferentes. Repare na sua pessoa e nos outros durante
um evento desportivo, num concerto, numa reunião religiosa ou política. É
impossível não se sentir apanhado pelas emoções coletivas. O seu coração bate
mais depressa. Lágrimas de alegria ou de tristeza surgem mais facilmente. Estar
num grupo não estimula o raciocínio independente, mas o desejo intenso de
pertencer. Isto também pode acontecer num ambiente de trabalho, especialmente
se o líder brincar com as emoções das pessoas para incitar desejos competitivos
e agressivos ou se criar uma dinâmica do tipo «nós contra eles». O efeito de
grupo não exige necessariamente a presença dos outros. Pode ocorrer de forma
viral, à medida que determinada opinião se espalha pelos órgãos de comunicação
social e nos contagia com o desejo de partilhar a opinião— geralmente uma
variedade forte, como a indignação.
Existe um aspeto empolgante e
positivo na estimulação de emoções de grupo. É a forma como nos podemos ligar a
algo em nome do bem coletivo. Mas, se notar que o apelo vai no sentido de
emoções mais diabólicas, como o ódio ou outras, um patriotismo fanático, a
agressão ou visões do mundo radicais, deverá inocular-se e verificar de que
forma essa tendência o influencia. Com frequência, é melhor evitar o cenário de
grupo, se possível, de modo a manter as capacidades de raciocínio ou entrar
nesses momentos com o maior ceticismo possível.
Cuidado com demagogos que exploram
o efeito de grupo e estimulam explosões de irracionalidade. Recorrem
inevitavelmente a determinados dispositivos. Num cenário de grupo, começam por
aquecer a multidão, falando de ideias e de valores que todos partilham, criando
uma sensação agradável de consenso. Recorrem a palavras vagas, mas fortes, cheias
de qualidades emotivas, como justiça, verdade ou patriotismo. Falam de
objetivos abstratos e nobres em vez de resolverem problemas específicos com
ações concretas.
Os demagogos na política ou nos
media tentam suscitar uma impressão permanente de pânico, urgência e
indignação. Têm de manter os níveis emocionais elevados. A sua defesa é
simples: tenha em conta as suas capacidades de raciocínio, a sua competência
para pensar por si mesmo, o seu bem mais precioso. Rejeite qualquer tipo de
intrusão de outros no seu espírito independente. Quando sentir que está na
presença de um demagogo, seja duplamente cuidadoso e analítico.
Uma última palavra sobre o efeito
irracional da natureza humana: Não imagine os tipos mais extremos de
irracionalidade foram de alguma forma ultrapassados através do progresso e do
esclarecimento. Ao longo da história, testemunhamos ciclos constantes de níveis
crescentes e decrescentes do irracional. A grande era dourada de Péricles, com
os seus filósofos e os primeiros vislumbres do espírito científico, foi seguida
de uma era de superstição, de cultos e de intolerância. Este mesmo fenómeno
ocorreu na Renascença italiana. O facto de este ciclo estar destinado a
repetir-se faz parte da natureza humana.
O irracional simplesmente muda de
aspeto e de forma. Podemos já não ter literalmente caças às bruxas, mas, no
século xx, não há muito tempo, testemunhámos os julgamentos-espetáculo de
Estaline, as audiências de McCarthy no Senado dos Estados Unidos e as
perseguições em massa durante a Revolução Cultural Chinesa. Geram-se
constantemente vários cultos, incluindo cultos de personalidade e a
fetichização de celebridades. A tecnologia agora inspira fervor religioso. As
pessoas têm uma necessidade desesperada de acreditar em algo e encontram-no por
todo o lado. As sondagens revelaram, no século XXI, um aumento crescente de
pessoas que acreditam em fantasmas, em espíritos e em anjos.
Enquanto houver seres humanos, o
irracional encontrará a sua voz e maneira de se disseminar. A racionalidade é
algo a ser adquirido por indivíduos, não por movimentos de massa ou pelo
progresso tecnológico. Sentir-se superior e para lá de tudo isto é um sinal
seguro de que o irracional se encontra em pleno funcionamento.
Terceiro passo:
Estratégias para revelar o eu racional
Apesar das nossas tendências
irracionais pronunciadas, dois fatores deveriam dar-nos toda a esperança. Em
primeiro lugar encontra-se a existência ao longo da história e em todas as
culturas de pessoas de grande racionalidade, as quais tornaram o progresso
possível. Estas servem de ideais que todos podemos alcançar. Incluem Péricles,
o soberano Asoka, da antiga Índia, Marco Aurélio da antiga Roma, Marguerite de
Valois, na França medieval, Leonardo da Vinci, Charles Darwin, Abraham Lincoln,
o escritor Anton Tchekhov, a antropóloga Margaret Mead e o homem de negócios
Warren Buffett, uma para análise referir apenas alguns. Todos estes tipos
partilham certas qualidades de si mesmos e das suas fragilidades, uma dedicação
à verdade e à realidade uma atitude tolerante face às pessoas e a capacidade de
alcançarem metas que estabeleceram.
O segundo fator consiste em que
quase todos nós, a dada altura das nossas vidas passámos por momentos de maior
racionalidade. Isto surge com frequência com aquilo a que iremos chamar a
disposição do criador. Temos um projeto para concretizar, possivelmente com um
prazo. As únicas emoções a que nos podemos dar ao luxo são a excitação e a
energia. Outras emoções impedem-nos simplesmente de nos concentrarmos. Porque
temos de obter resultados, tornamo-nos excecionalmente práticos.
Concentramo-nos no trabalho — com uma mente calma, sem que o ego se imiscua. Se
as pessoas tentarem interromper-nos ou contagiar-nos com emoções, não gostamos.
Estes momentos — tão fugazes como algumas semanas ou horas— revelam o eu
racional que está à espera para se revelar. Basta apenas alguma consciência e
alguma prática.
As estratégias que se seguem são
concebidas para o ajudar a revelar o seu Péricles ou Ateneia interiores:
Conheça-se a fundo. O
Eu Emocional prospera na ignorância. O momento em que tomar consciência do modo
como atua e o domina é aquele em que ele perde o controlo sobre si e pode ser
domado. Portanto, o seu primeiro passo rumo ao racional será sempre para
dentro. Pretenderá apanhar o Eu Emocional em ação. Para este propósito, terá de
pensar no modo como funciona sob stresse. Que fragilidades específicas surgem
nesses momentos: O desejo de agradar, de realizar ou de controlar? Níveis
profundos de desconfiança? Observe as suas decisões, especialmente aquelas que
foram ineficazes. Consegue detetar um padrão, uma insegurança subjacente que as
impele? Analise os seus pontos fortes, o que o torna diferente das outras
pessoas. Isto irá ajudá-lo a definir os objetivos que se combinam com os seus
interesses de longo prazo e que estão sintonizados com as suas
competências. Ao saber e valorizar o que
o destaca como pessoa diferente, também será capaz de resistir à influência do
preconceito e ao efeito de grupo.
Analise as origens
das suas emoções. Está zangado. Deixe o sentimento
instalar-se interiormente e pense nele. Foi desencadeado por algo aparentemente
trivial ou mesquinho? Então é sinal certo de que algo ou outra pessoa se
encontra por detrás dele. Talvez uma emoção mais familiar esteja na sua origem,
como a inveja ou a paranoia. Deve encarar este facto com toda a frontalidade.
Investigue os fatores de desencadeamento para verificar onde tiveram início.
Para o efeito, poderá ser prudente usar um diário onde registe as suas
autoanálises com uma objetividade impiedosa. O maior perigo reside no seu ego e
na forma como este lhe permite manter inconscientemente ilusões sobre si mesmo.
Estas podem ser reconfortantes na altura, mas, a longo prazo, põem-no na
defensiva e tornam-no incapaz de aprender ou de evoluir. Encontre uma posição
neutra de onde possa observar as suas ações, com algum distanciamento e até
humor. Em breve tudo isto se tornará natural para si, e, quando o seu Eu
Emocional subitamente recuar em determinada situação, verá isso acontecer e
conseguirá fazer marcha-atrás e reposicionar-se na sua posição neutra.
Aumente o tempo de
reação. Esta capacidade surge com a
prática e com a repetição. Quando algum acontecimento ou interação exigir uma
resposta, deverá treinar-se para recuar. Isto pode significar retirar-se
fisicamente para um lugar em que possa estar sozinho e não se sentir atingido
por qualquer pressão ou escrever um e-mail zangado, mas não o enviar. Durma um
ou dois dias sobre o assunto.
Não faça telefonemas ou comunique
enquanto estiver sob o efeito de uma emoção súbita, especialmente
ressentimento. Se der consigo a afadigar-se para assumir compromissos com
pessoas, para as contratar ou para ser contratado por elas, recue e espere
algum tempo. Deixe as emoções arrefecerem. Quanto mais se demorar nesse impasse
melhor, porque a perspetiva surge com o tempo. Encare-o como um treino de
resistência — quanto mais tempo resistir a reagir,
mais espaço mental terá para uma verdadeira reflexão e mais forte se tornará a
sua mente.
Aceite as pessoas
como factos. As interações com as pessoas são a
maior fonte de agitação emocional, mas não tem de ser assim. O problema reside
em estarmos constantemente a julgar as pessoas, a desejar que sejam algo que
não são. Queremos mudá-las. Queremos que elas pensem e ajam de determinada
maneira, na maior parte das vezes da forma como nós próprios pensamos e agimos.
E, como não é possível, porque todos somos diferentes, estamos sempre
frustrados e perturbados. Em vez disso, encare as outras pessoas como fenómenos,
tão isentos como cometas ou plantas. Existem simplesmente. Existem em todo o
tipo de variedades, tornando a vida rica e interessante. Trabalhe com aquilo
que elas lhe derem, em vez de resistir e de tentar mudá-las. Faça da
compreensão do ser humano jogo divertido, a resolução de um enigma. Tudo faz
parte da comédia humana. Sim, as pessoas são irracionais, mas o leitor também
é. Torne a sua aceitação natureza humana o mais radical possível. Isto irá
acalmá-lo e ajudá-lo a observar pessoas de forma mais desapaixonada,
compreendendo-as a um nível mais profundo. Irá deixar de projetar nelas as suas
próprias emoções. Tudo isto lhe dará equilíbrio e tranquilidade, mais espaço
mental para pensar. E certamente difícil fazê-lo com as pessoas do tipo
pesadelo com quem nos cruzamos — os narcisistas furiosos, os agressores
passivos e outros incendiários. Estas continuam a constituir um teste
permanente à nossa racionalidade. Veja o exemplo do escritor russo que Anton
Tchekhov, uma das pessoas mais ferozmente racionais que já viveu e serve de
modelo para o caso. A sua família era grande e pobre, e o pai, alcoólico
espancava impiedosamente os filhos, incluindo o jovem Tchekhov. Tchekhov
tornou-se médico e abraçou a escrita como carreira paralela. Aplicou a sua
formação de médico ao animal humano, ao seu objetivo de compreender o que nos
torna tao irracionais, tão infelizes e tão perigosos. Nas suas narrativas e
peças de teatro, considerava extremamente terapêutico entrar nas personagens e
perceber até as mais abjetas. Desta forma, conseguiu perdoar a toda a gente,
incluindo o pai. A sua abordagem a estes casos consistia em imaginar que, em
cada pessoa, por muito retorcida que fosse, havia uma explicação para aquilo em
que se tornara, uma lógica que lhe dava sentido. À sua maneira, estes
indivíduos anseiam por realização, mas de forma irracional. Ao recuar e
imaginar a sua história a partir de dentro, Tchekhov desmistificou os rudes e
os agressores; deu-lhes uma dimensão humana. Já não suscitavam ódio, mas
piedade. Deverá pensar mais como um escritor ao abordar as pessoas com que
lida, mesmo as piores.
Descubra o equilíbrio
ideal entre pensamento e emoção. Não podemos dissociar as emoções do
pensamento. Ambos estão profundamente interligados. Mas existe inevitavelmente
um fator dominante, algumas pessoas são mais claramente dominadas pelas emoções
do que outras. Aquilo que procuramos é a combinação e o equilíbrio certos, o
que conduz a uma ação mais eficaz. Os antigos gregos tinham uma metáfora
adequada para isto: o cavaleiro e o cavalo.
O cavalo é a nossa natureza
emocional, que nos impele constantemente a avançar.
Este cavalo tem imensa energia e
potência, mas sem cavaleiro, não pode ser guiado; é selvagem, alvo de
predadores e está sempre a meter-se em sarilhos.
Este cavalo é o nosso eu racional.
Com treino e prática, este seguro as rédeas e guia o cavalo, transformando a
sua poderosa energia animal em algo produtivo. Um sem o outro não tem
utilidade. Sem cavaleiro, não há movimento direcionado ou objetivo. sem cavalo,
não há energia, força. Na maior parte das pessoas, cavalo domina, e o cavaleiro
é fraco. Noutras, o cavaleiro é demasiado forte, segura as rédeas com força
excessiva. E tem receio de deixar o animal galopar de vez em quando. O cavalo e
o cavaleiro têm de trabalhar em conjunto. Isto significa pensarmos nas nossas
ações com antecedência; ponderar o máximo possível numa situação antes de tomar
uma decisão. Mas, quando tivermos decidido o que fazer, largamos as rédeas e
entramos em ação com ousadia e espírito de aventura. Em vez de sermos escravos
desta energia, canalizamo-la. E esta a essência da racionalidade.
Como exemplo deste ideal em ação,
tente manter um equilíbrio perfeito entre ceticismo (cavaleiro) e curiosidade
(cavalo). Deste modo, será cético em relação aos seus próprios entusiasmos e
aos dos outros. Não aceitará como literais as explicações das pessoas e a sua
aplicação das «provas». Olhará para os resultados das suas ações, não para o
que dizem acerca das suas motivações. Mas, se levar este processo demasiado
longe, a sua mente fechar-se-á face às ideias ousadas, às especulações
empolgantes, à própria curiosidade. Pretenderá manter a flexibilidade de
espírito que tinha em criança, interessada por tudo, mantendo ao mesmo tempo a
necessidade rígida de verificar e analisar por si todas as ideias e crenças. As
duas perspetivas podem coexistir. Trata-se de um equilíbrio que todos os génios
possuem.
Venere o racional. E importante não ver o caminho
rumo à racionalidade como algo doloroso e ascético. De facto, este traz
capacidades que são imensamente satisfatórias e agradáveis, mais profundas do
que muitos prazeres que o mundo tende a oferecer-nos. Já deve ter sentido isto
na sua própria vida ao concentrar-se profundamente num projeto, com o tempo a
parecer fluir e experimentando explosões ocasionais de entusiasmo à medida que
fazia descobertas ou que evoluía no seu trabalho. Também existem outros
prazeres. Ser capaz de domar o Eu Emocional conduz a uma tranquilidade e
clareza generalizadas. Neste estado de espírito, será menos consumido por
conflitos e considerações mesquinhos. As suas ações serão mais eficazes, o que
também leva a menos agitação. Conhecerá a imensa satisfação de se dominar de
uma forma profunda. Terá mais espaço mental para ser criativo. Sentirá que
controla mais as coisas.
Ao saber tudo isto, tornar-se-á
mais fácil motivar-se para desenvolver esta capacidade.
>>Confia nos teus sentimentos!>> —
Mas os sentimentos não são definitivos ou originais; por detrás dos sentimentos
existem juízos de valor e avaliações que herdamos sob a forma de inclinações,
aversões. A inspiração nascida de um sentimento é neta de um juízo de valor — e
muitas vezes de um juízo de valor errado! —, nunca um filho seu! Confiarmos nos
nossos sentimentos significa sermos mais obedientes ao nosso avô e avó e aos
seus próprios avós do que aos deuses que existem em nós: a nossa razão e a
nossa experiência.
—Friedrich Nietzsche